Diante da proximidade da data que marca os dez anos do atentado terrorista às torres do World Trade Center, nos Estados Unidos, Keila Grinberg analisa, em sua coluna de setembro, a repercussão desses ataques na sociedade norte-americana.
Nos atentados terroristas do dia 11 de setembro de 2001, dois aviões de companhias aéreas norte-americanas foram sequestrados e jogados contra as torres do World Trade Center, em Nova Iorque (Estados Unidos). (foto: Dave Blue/ Flickr – CC BY-NC 2.0)
No próximo domingo, o atentado terrorista que destruiu o World Trade Center, em Nova Iorque (Estados Unidos), vai completar dez anos. Os norte-americanos têm relembrado o acontecimento intensamente, com reportagens especiais, anúncios na televisão, relatos de sobreviventes e publicação de coletâneas.
Cunhado pela própria data em que ocorreu (11 de Setembro, ou 09/11) – como se o objetivo fosse estabelecer um marco zero também na história –, o atentado vem sendo denominado de “o evento que mudou o mundo”.
Essa percepção começou a ser construída no dia mesmo dos ataques. Lembro-me de ter ouvido de um colega que, na própria terça-feira (dia do atentado), um grupo de professores da Universidade de Michigan (Estados Unidos), reunidos à noite na casa de um deles, não cansava de declarar que o mundo estava de cabeça para baixo, como se algum dia tivesse estado de cabeça para cima.
Naquele mesmo ano, dois grandes atentados em Israel e várias incursões israelenses em Gaza e na Cisjordânia
Ninguém hoje faz questão de lembrar, mas 2001 também foi o ano da posse de George W. Bush nos Estados Unidos e das eleições de Ariel Sharon em Israel, Tony Blair na Inglaterra e Silvio Berlusconi na Itália.
Naquele mesmo ano, antes do 11 de Setembro, dois grandes atentados em Israel e várias incursões israelenses em Gaza e na Cisjordânia mostravam que a Intifada (rebelião popular palestina contra as forças de ocupação de Israel nessas regiões), que havia recomeçado no ano anterior, continuava com força total.
Em 2001, o Talibã destruiu a maior estátua de Buda do mundo, no Afeganistão. Um terremoto na Índia provocou pelo menos 2.250 mortes. E, na China, quase 3 mil pessoas foram condenadas à morte – sendo que quase duas mil foram de fato executadas – em cerca de três meses, conforme estudo da Anistia Internacional.
Outros eventos ocorridos em 2001, como o terremoto que em janeiro devastou o estado indiano de Gujarat e provocou mais de 2 mil mortes, não são tão lembrados como os ataques de 11 de setembro. (foto: Gabriel N/ Wikimedia Commons – CC BY-SA 3.0